Muita música pra pouco ouvido
Muito ator pra pouca cena
Muito livro pra pouca leitura
Muito filme pra pouco cinema
Muita mão pra pouca obra
Muita genitália pra pouco sexo
Muito modelo pra pouca foto
Muita rima pra pouco verso
Muito partido pra pouco governo
Muito veículo pra pouca via
Muito santo pra pouco milagre
Muito sorriso pra pouca alegria
Muito diploma pra pouco ensino
Muita jura pra pouco amor
Muita ambição pra pouco talento
Muita batata pra pouco vencedor
Muito dever pra pouco direito
Muito dano pra pouca moral
Muita massa pra pouco brioche
Muita fantasia pra pouco carnaval
Muito prédio pra pouco terreno
Muito repórter pra pouca notícia
Muito remédio pra pouca doença
Muita opinião pra pouca sapiência
Muito palhaço pra pouca piada
Muito sonho pra pouca realidade
Muita conversa pra pouco assunto
Muito baú pra pouca felicidade
Todo mundo quer, todo mundo pode
Todo mundo sabe, todo mundo se sacode
O dia nasce e logo anoitece
Todo mundo diz que faz, mas na verdade nada acontece
domingo, 13 de setembro de 2009
segunda-feira, 10 de agosto de 2009
QUE LUZ É ESSA?
O gênesis e o século XXI. Deus e o diabo. O homem e a mosca. Cristo e Judas. As donas de casa e os donos do mundo. Hemingway e Paulo Coelho. O trem e o disco voador. Bob Dylan e a turma de Jackson do Pandeiro. A maçã e o caroço da manga. Ali Babá e Al Capone. Marlon Brandon e o jornaleiro da esquina. Bob Dylan e Sergio Sampaio. Amazônia e Babilônia. O ouro de tolo e a água viva. John Lennon e Carlos Gardel. A boca cheia de dentes e a dentadura postiça. Thor e Yemanjá. O metrô e o carro a álcool. Freud e Alester Crowley. Salvador e New York. O colírio e os óculos escuros.
Está tudo no baú do Raul.
Raul Rock Seixas. O cachorro urubu. Estrela no abismo do espaço. O rock com cara de bandido. Elvis Presley com Luiz Gonzaga. Tropicalismo e rockzinho antigo. Art pop. Rock n´Raul.
O inimigo do “monstro sist” que nasceu há dez mil anos;
O dito cidadão respeitado que ultrapassou a barreira do som;
O moleque maravilhoso que alcançou a velocidade da luz;
O maluco que vinte anos após sua morte veloz continua vivo.
Vivendo nos seus filhos, na erva e na palavra rude que disse para quem não gostava.
Vivendo nas Nuits de lua cheia e bonita;
Nos segredos das luzes do arrebol;
Nos sonhos malucos dos sonhadores;
No calendário esquecido no bolso da camisa;
Nas profecias de que o mundo se acabará um dia;
Nos recados dados pelo muro;
Nas canções que o rádio não toca;
Nos girassóis que mostram a cara;
Na chuva que traz coisas do ar;
No café que se toma pra fumar;
No amor de todos os mortais;
Na voz que gira bailando no ar;
Na lei dos que fazem o que querem;
No oposto do que se disse antes;
Na sombra sonora do disco voador.
E, quiçá, viverá mais dez mil anos.
Raulzito e Raul Seixas, o mesmo homem.
Toca Raul!
O início, o fim e o meio.
segunda-feira, 3 de agosto de 2009
15 ANOS DE LAMA E CAOS
“Se queres ser universal começa por pintar a tua aldeia”
Tolstói
"Eu vou fazer uma embolada,um samba,rock maracatu, tudo bem envenenado,bom pra mim e bom pra tu,pra gente sair da lama e enfrentar os urubus"
Chico Science
"Computadores avançam, artistas pegam carona"
Fred Zero Quatro
A 15 anos, dos mangues do Recife, emergia “Da lama ao caos”.
O primeiro disco (uso este termo com tranqüilidade, pois ele acaba de ser lançado em vinil) de Chico Science e a Nação Zumbi. O marco zero do movimento manguebit (ou seria manguebeat?). O passo adiante que a cultura brasileira não dava desde a Lira Paulistana. A virada de mesa que faltava para revitalizar a nossa música popular. O complemento da evolução musical iniciada pela Tropicália. A afrociberdelia que desencadearia uma revolução na MPB.
Produzido pelo ex-“Mutantes” Liminha, um mestre em fazer tudo soar bem aos ouvidos, “Da lama ao caos” trazia Recife (A cidade, Manguetown) com seus rios, suas pontes, seus computadores, suas praias, suas antenas, seus urubus, suas vitrolas, seu banditismo, sua fedentina, seu caos, como conceito ao mesmo tempo em que, a partir dessa realidade, desnudava o país inteiro aos ouvidos do mundo.
Misturando - as tão rechaçadas quanto banalizadas - guitarras elétricas com tambores e influências musicais que iam de Manu Dibango a Jackson do Pandeiro, a banda apresentava uma sonoridade que misturava maracatu, rap, rock, embolada, tropicalismo, ciranda, afrobeat, psicodelia, funk, cordel, samba, capoeira e música eletrônica. As letras remetiam a Josué de Castro, Euclides da Cunha, Baudelaire, Jorge Mautner, Malcom X, Osvald de Andrade, revolta praieira, realismo fantástico, Tolstói,Cinema Novo,João Cabral de Melo Neto, ficção científica, Palmares,cibernética e socialismo latino-americano e mostravam as vísceras de uma cidade que através de um modelo equivocado de progresso chegou ao ponto de ser considerada a quarta pior cidade do mundo e retratavam as angustias e conflitos de uma juventude que vivia entre a fome e a evolução tecnológica, a abundancia e a miséria, a crendice e a ciência, a democracia e a escravidão, a lama (criação) e o caos (destruição).
A partir de então, os mangueboys tomaram conta de cena e o pop brasileiro se despiu de qualquer tipo de rótulo. Estava aberto o caminho para uma geração abandonada e que passava a vislumbrar na música popular uma saída para libertar sua imaginação do domínio exterior. O hip hop caminhava de mãos dadas com a embolada, o côco era dub e o maracatu com um tiro certeiro se infiltrava no rock n´roll. Os “carangueijos com cérebro” não só desentupiram as artérias, se não as sociais pelo menos as culturais, do Recife como fizeram jorrar um surto criação musical por todo o país. De Seu Jorge ao Cordel do Fogo Encantado, de O Rappa a Curumin, tudo que foi feito na música brasileira desde então passou seus ouvidos em “Da lama ao caos”.
Lançado pela poderosa Sony Music, o álbum foi eleito pelo editor musical do "The New York Times" um dos dez melhores álbuns de 1994, incluiu pelo menos quatro de suas músicas na galeria dos clássicos da música brasileira, encantou as Américas e a Europa, inseriu o festival recifense “Abril pro rock” no circuito mundial dos grandes festivais de música, abriu caminho para um punhado de bandas de qualidades oriundas do Recife, uniu o Nordeste ao Sul, mudou a cara da música popular brasileira e anunciou que nem só de pagodeiros, bundas e malhação seria feita a juventude dos anos 90. Enfim, modernizou o passado e salvou a música brasileira. Cumpriu sua missão.
Poucos meses depois, era lançado pelo selo Banguelas (dos Titãs) e produzido por Charles Galvin, “Samba esquema noise”, o primeiro disco do Mundo Livre S/A, primo de “Da lama ao Caos” e filho temporão de “Samba esquema novo” (Jorge Ben), que firmaria o manguebit como um movimento de extrema importância no cenário pop brasileiro.
Não é exagero dizer que depois daquele abril de 1994, a música brasileira nunca mais foi a mesma.
Se bem que o caótico Brasil continua naufragando no mesmo mar de lama.
segunda-feira, 29 de junho de 2009
DUAS CARAS
Michael Jackson está morto.
Não o artista. O rei do pop. O Fred Astaire dos anos 80. O renovador do rhythm and blues. O moonwalker. O invencível.
Esse viverá para sempre. Estará sempre entre nós em videoclips, CDs, DVDs, discos de vinil, VHS, MP3, ou seja lá o que mais que os mercadores da arte cismarem de vender.
Morreu o homem.
O pai de três filhos.
Aquele que nós desconhecemos.
O ser-humano atrás da personagem.
A criança explorada e humilhada (molestada?) pelo pai.
O adulto acusado de molestar sexualmente menores de idade. Perversão? Oportunismo das outras partes? (Eu particularmente sempre acreditei na sua inocência. Assim como acredito na de Mike Tyson).
Black or white? Doença de pele? Vaidade? Criador perdendo-se na criatura?
O empresário inescrupuloso capaz de passar a perna no amigo (até então) Paul McCartney e faturar com a compra dos direitos autorais dos The Beatles.
A criança desgovernada que não conseguiu controlar seus gastos e faliu um patrimônio de bilhões.
O homem que se isolou na sua solidão. A criança que criou seu próprio mundo. Neverland.
Vítima de um mundo doente onde a mais valia está sempre em primeiro plano ou o seu maior ícone, a sua imagem e semelhança?
Heal the world. We are the world.
O que fica é a tristeza por saber que, mais uma vez, um talento ímpar, um homem genial em sua arte, foi evidentemente infeliz.
Que ele descanse em paz...
terça-feira, 5 de maio de 2009
INTERESSE
E lá se foi Augusto Boal...
Na grande mídia, pouco se falou.
Boal não interessa.
A mão invisível, que comanda o mundo e decide o que o povo irá pensar, comer, vestir, acreditar e produzir, decidiu que Boal é um assunto que não interessa.
Bastam poucas linhas. Um breve resumo. Sem muitas informações.
Nada de contar Zumbi, Tiradentes e Bolívar.
Boal era a força. A força que traz a liberdade.
Opinião. Arena. O espetáculo da vida diária.
Basta informar que foi preso e torturado.
Nada de declarações de fãs famosos. Muito menos apresentadores com cara de choro.
Teatro não deve interessar ao povo. Muito menos o do oprimido. Nada de experimentalismos. Nem coringas. Nem Paulo Freire. Nem Brecht. Nem legislativo.
O que interessa é a gripe, a violência das ruas, o aquecimento, o terror.
A vida vazia das celebridades fabricadas.
O que interessa é a idéia de que nada mais pode ser feito.
A vida deve ser uma rotina previsível como a programação recorrente dos canais de TV.
O filho do padeiro queria reação. A ação que faz parar a engrenagem. reação popular. A criação coletiva. A verdade escondida. Luzes no palco da vida diária.
Seu teatro trazia a chave para nos libertar de qualquer vírus. De qualquer guerra.
Da imprensa e de seus anunciantes.
Dos anunciantes...
Definitivamente, ele não interessa.
Na grande mídia, pouco se falou.
Boal não interessa.
A mão invisível, que comanda o mundo e decide o que o povo irá pensar, comer, vestir, acreditar e produzir, decidiu que Boal é um assunto que não interessa.
Bastam poucas linhas. Um breve resumo. Sem muitas informações.
Nada de contar Zumbi, Tiradentes e Bolívar.
Boal era a força. A força que traz a liberdade.
Opinião. Arena. O espetáculo da vida diária.
Basta informar que foi preso e torturado.
Nada de declarações de fãs famosos. Muito menos apresentadores com cara de choro.
Teatro não deve interessar ao povo. Muito menos o do oprimido. Nada de experimentalismos. Nem coringas. Nem Paulo Freire. Nem Brecht. Nem legislativo.
O que interessa é a gripe, a violência das ruas, o aquecimento, o terror.
A vida vazia das celebridades fabricadas.
O que interessa é a idéia de que nada mais pode ser feito.
A vida deve ser uma rotina previsível como a programação recorrente dos canais de TV.
O filho do padeiro queria reação. A ação que faz parar a engrenagem. reação popular. A criação coletiva. A verdade escondida. Luzes no palco da vida diária.
Seu teatro trazia a chave para nos libertar de qualquer vírus. De qualquer guerra.
Da imprensa e de seus anunciantes.
Dos anunciantes...
Definitivamente, ele não interessa.
domingo, 26 de abril de 2009
APOIO AO MINISTRO
Gilmar não perdeu tempo.
Após o ministro Joaquim Barbosa lhe dizer ao vivo e via-satélite que ele está destruindo a imagem do judiciário e lhe recomendar sair às ruas para saber o que pensa a população, o “Supremo-Presidente” se reuniu a portas fechadas com os outros ministros que além de enviarem uma carta de apoio a Mendes ainda ensaiaram uma de repúdio a Barbosa.
Agora querem que ele se retrate.
É isso mesmo!
Quem começou as agressões foi Gilmar. Quem disse o que o povo pensa foi Barbosa. E Barbosa é que terá de retratar-se.
Quem concorda com o ministro Barbosa e pensa que Gilmar está realmente destruindo a imagem do judiciário e deve sair às ruas para saber a opinião do povo sobre ele, assine o movimento de apoio ao ministro Barbosa:
http://www.ipetitions.com/petition/credibilidade_judiciario/?e
Já que a democracia existe apenas em dois dos três poderes, está mais do que na hora de expressarmos nossa opinião.
sexta-feira, 24 de abril de 2009
A VOZ DO POVO
Não foi no Congresso. Foi no Supremo.
No Supremo Tribunal Federal. A mais alta corte do nosso país.
Foi lá que um Joaquim, não o mártir (também mineiro), mas o Joaquim ministro, magistrado, poliglota,
Foi lá que o Ministro Joaquim falou com a boca do povo
E disse para o Gilmar Mendes, o todo poderoso Presidente do Supremo,
O ministro que teve o maior número de votos contrários à sua nomeação,
O homem que Dalmo Dallari disse não possuir os requisitos básicos para integrar a mais alta corte do país,
O juiz que libertou o banqueiro Daniel Dantas (duas vezes!), mais Celso Pitta, mais Naji Nahas,
Que ele está destruindo a imagem da justiça no nosso país.
E disse mais:
Disse que Gilmar -o magistrado que a pretexto do nosso país viver um estado policial, tentou transforma -lo num estado judiciário - está acabando com a (pouca) credibilidade do nosso poder judiciário.
Disse ainda, disse não, apenas deu a entender, que o que está na mídia não é o que está nas ruas.
A mídia não gostou. Para eles, isso não é comportamento digno de ministros do Supremo - a corte que nunca condenou um político.
Agora já falam até em crise.
Crise tá na moda.
A mídia é a moda.
Então, dá-lhe crise no Supremo.
Os ministros do Supremo também não gostaram.
Mas o povo gostou.
Finalmente, alguém falou o que o povo pensa.
Joaquim. O que possui elevação.
O primeiro ministro do Supremo a abrir processo contra um parlamentar.
O ministro que defendeu a acusação contra os quarenta mensaleiros.
O homem que se insurgiu contra o poder estabelecido.
E ensinou que a lei é igual pra todos.
Palmas para Joaquim Barbosa.
O cara.
No Supremo Tribunal Federal. A mais alta corte do nosso país.
Foi lá que um Joaquim, não o mártir (também mineiro), mas o Joaquim ministro, magistrado, poliglota,
Foi lá que o Ministro Joaquim falou com a boca do povo
E disse para o Gilmar Mendes, o todo poderoso Presidente do Supremo,
O ministro que teve o maior número de votos contrários à sua nomeação,
O homem que Dalmo Dallari disse não possuir os requisitos básicos para integrar a mais alta corte do país,
O juiz que libertou o banqueiro Daniel Dantas (duas vezes!), mais Celso Pitta, mais Naji Nahas,
Que ele está destruindo a imagem da justiça no nosso país.
E disse mais:
Disse que Gilmar -o magistrado que a pretexto do nosso país viver um estado policial, tentou transforma -lo num estado judiciário - está acabando com a (pouca) credibilidade do nosso poder judiciário.
Disse ainda, disse não, apenas deu a entender, que o que está na mídia não é o que está nas ruas.
A mídia não gostou. Para eles, isso não é comportamento digno de ministros do Supremo - a corte que nunca condenou um político.
Agora já falam até em crise.
Crise tá na moda.
A mídia é a moda.
Então, dá-lhe crise no Supremo.
Os ministros do Supremo também não gostaram.
Mas o povo gostou.
Finalmente, alguém falou o que o povo pensa.
Joaquim. O que possui elevação.
O primeiro ministro do Supremo a abrir processo contra um parlamentar.
O ministro que defendeu a acusação contra os quarenta mensaleiros.
O homem que se insurgiu contra o poder estabelecido.
E ensinou que a lei é igual pra todos.
Palmas para Joaquim Barbosa.
O cara.
sexta-feira, 27 de março de 2009
CHUMBO GROSSO
Em 1969, portanto há 40 anos, era lançado o primeiro disco de uma das bandas mais pesadas (no bom sentido) e criativas da história do rock ‘roll. Estamos falando, é claro, do Led Zeppelin.
O primeiro disco do Led Zeppelin mudou para sempre a história do rock. Com os vôos vocais de Robert Plant, a criatividade da guitarra de Jimmy Page e o peso da cozinha de John Paul Jones e John “Bonzo” Bonhan, o “Zeppelin de chumbo” não deixou pedra sobre pedra nos terrenos sobrevoados. Depois deles, tudo ganhou mais peso, nada mais foi tão suave.
Em 1969, depois dos experimentos de Zappa e das distorções de Hendrix terem aberto as cabeças para caminhos até então inimagináveis, já não era novidade que o rock estava partindo para uma sonoridade mais pesada, porém o primeiro disco do Zeppelin era uma radicalização da idéia. Da foto da capa ao último acorde de “How many more times”, a banda inglesa subverteu valores e escancarou a porta para o que viria a ser o heavy metal.
Gravado e mixado em apenas 36 horas, o Lp deflagrava uma verdadeira revolução dentro do revolucionário rock n’roll. Estava tudo ali. O passado, o presente e o futuro. O blues (You shook me), a psicodelia ( Baby, I’m gonna leave you) e o heavy metal (Comunication Breakdown). A música folklórica inglesa (Black moutain side) e o rock n´roll (Good times bad times) . Ou tudo junto (Dazed and confused). Todas as misturas, pensadas e impensadas, voaram nesse zeppelin.
O Lp bateu recordes de vendas chegando a integrar o top 10 da Billboard. A banda, que teve sua origem na idéia do ex-Yarbirds Jimmy Page de montar uma superbanda com os The Who’s Keith Moon e John Entwistle e o também ex-Yarbirds Jeff Beck, mostrou-se tão eficiente quanto seria a primeira idéia ou até mais. No mesmo ano ainda viriam a lançar outro lp: o também magnífico Led Zeppelin II e marcariam para sempre o seu lugar no altar dos deuses do rock n´roll.
Se no primeiro o peso era a novidade, no segundo a banda consolidaria seu estilo com músicas que ficariam para sempre no inconsciente de todo roqueiro que se preze (Wholla lotta love; Heartbreaker), baladas capazes de enternecer o mais duro dos corações ( Thank you; What’s what should never be) e um solo de bateria em grande estilo (Moby Dick), tudo isso e mais um pouco em um Lp concebido em menos de seis meses.
Por essas e outras, falar de Led Zeppelin é lembrar de um tempo que o rock n’roll não era apenas um negócio de empresários ávidos por lucros e garotos ávidos por fama, era, sobretudo ousadia, superação, criação e transpiração. É falar de uma época que músicas faziam parte de uma coisa chamada álbum que era concebido a partir de uma outra coisa chamada conceito e que muitas vezes resultava em uma outra coisa chamada arte.
O zeppelin de chumbo voou para o estrelato tendo como combustível muito sexo, drogas e rock n’roll. Depois de experiências com magia, batalhas judiciais com a família de Ferdinand Von Zeppelin, apresentações alucinadas com mais de três horas de duração e escândalos a respeito do envolvimento dos integrantes em orgias com fãs, a banda acabou em 1980 com a morte do baterista “Bonzo” Bonhan, sufocado no próprio vômito após beber o equivalente a quarenta doses de vodka. Estiveram pelo nosso céu por pouco mais de dez anos (o suficiente para influenciar o som das gerações que o sucederam, influencia essa claramente perceptível em bandas que vão de Aerosmith a Pearl Jam, de Guns N’Roses a Korn) e até hoje, vinte e nove anos depois de seu fim, deixam saudades nos corações daqueles que se deixaram seduzir por suas viagens cheias de peso e melodia.
Parabéns Led Zeppelin. Parabéns ao hard rock.
“It’s been a long time since I rock n’rolled...”
O primeiro disco do Led Zeppelin mudou para sempre a história do rock. Com os vôos vocais de Robert Plant, a criatividade da guitarra de Jimmy Page e o peso da cozinha de John Paul Jones e John “Bonzo” Bonhan, o “Zeppelin de chumbo” não deixou pedra sobre pedra nos terrenos sobrevoados. Depois deles, tudo ganhou mais peso, nada mais foi tão suave.
Em 1969, depois dos experimentos de Zappa e das distorções de Hendrix terem aberto as cabeças para caminhos até então inimagináveis, já não era novidade que o rock estava partindo para uma sonoridade mais pesada, porém o primeiro disco do Zeppelin era uma radicalização da idéia. Da foto da capa ao último acorde de “How many more times”, a banda inglesa subverteu valores e escancarou a porta para o que viria a ser o heavy metal.
Gravado e mixado em apenas 36 horas, o Lp deflagrava uma verdadeira revolução dentro do revolucionário rock n’roll. Estava tudo ali. O passado, o presente e o futuro. O blues (You shook me), a psicodelia ( Baby, I’m gonna leave you) e o heavy metal (Comunication Breakdown). A música folklórica inglesa (Black moutain side) e o rock n´roll (Good times bad times) . Ou tudo junto (Dazed and confused). Todas as misturas, pensadas e impensadas, voaram nesse zeppelin.
O Lp bateu recordes de vendas chegando a integrar o top 10 da Billboard. A banda, que teve sua origem na idéia do ex-Yarbirds Jimmy Page de montar uma superbanda com os The Who’s Keith Moon e John Entwistle e o também ex-Yarbirds Jeff Beck, mostrou-se tão eficiente quanto seria a primeira idéia ou até mais. No mesmo ano ainda viriam a lançar outro lp: o também magnífico Led Zeppelin II e marcariam para sempre o seu lugar no altar dos deuses do rock n´roll.
Se no primeiro o peso era a novidade, no segundo a banda consolidaria seu estilo com músicas que ficariam para sempre no inconsciente de todo roqueiro que se preze (Wholla lotta love; Heartbreaker), baladas capazes de enternecer o mais duro dos corações ( Thank you; What’s what should never be) e um solo de bateria em grande estilo (Moby Dick), tudo isso e mais um pouco em um Lp concebido em menos de seis meses.
Por essas e outras, falar de Led Zeppelin é lembrar de um tempo que o rock n’roll não era apenas um negócio de empresários ávidos por lucros e garotos ávidos por fama, era, sobretudo ousadia, superação, criação e transpiração. É falar de uma época que músicas faziam parte de uma coisa chamada álbum que era concebido a partir de uma outra coisa chamada conceito e que muitas vezes resultava em uma outra coisa chamada arte.
O zeppelin de chumbo voou para o estrelato tendo como combustível muito sexo, drogas e rock n’roll. Depois de experiências com magia, batalhas judiciais com a família de Ferdinand Von Zeppelin, apresentações alucinadas com mais de três horas de duração e escândalos a respeito do envolvimento dos integrantes em orgias com fãs, a banda acabou em 1980 com a morte do baterista “Bonzo” Bonhan, sufocado no próprio vômito após beber o equivalente a quarenta doses de vodka. Estiveram pelo nosso céu por pouco mais de dez anos (o suficiente para influenciar o som das gerações que o sucederam, influencia essa claramente perceptível em bandas que vão de Aerosmith a Pearl Jam, de Guns N’Roses a Korn) e até hoje, vinte e nove anos depois de seu fim, deixam saudades nos corações daqueles que se deixaram seduzir por suas viagens cheias de peso e melodia.
Parabéns Led Zeppelin. Parabéns ao hard rock.
“It’s been a long time since I rock n’rolled...”
quarta-feira, 18 de março de 2009
LEILÃO
Vendem-se os óculos de Gandhi.
Compra-se água de Theri. Da Suez,
Água do Ganges. Brahma chopp.
Marcha do sal. Pré-sal. (Vendido!)
Vende-se o relógio de Gandhi.
Big Ben. Big Bang.
Caminho das Índias. Quit Índia.
Independência ou morte.
Compra-se amor.
Paz e amor. Guerra e paz.
Yoga sutra. Kama sutra.
Give peace a chance (Vendido!).
Compra-se a independência.
Jejum de lucros. Call centers. Tata.
Quem quer ser um milionário?
The Oscar goes to Gandhi.
Vende-se a sandália do Mahatma
Filhos de Gandhi. Cordão de isolamento.
Sistema de castas. Apartheid.
Camiseta de Che Guevara. (Vendido!)
Compram-se os óculos de Gandhi.
O lance mínimo é de $20.000.
Satiagraha. BRIC. Bomba atômica.
A liberdade de lucros e os lucros da liberdade.
A liberdade...
Compra-se água de Theri. Da Suez,
Água do Ganges. Brahma chopp.
Marcha do sal. Pré-sal. (Vendido!)
Vende-se o relógio de Gandhi.
Big Ben. Big Bang.
Caminho das Índias. Quit Índia.
Independência ou morte.
Compra-se amor.
Paz e amor. Guerra e paz.
Yoga sutra. Kama sutra.
Give peace a chance (Vendido!).
Compra-se a independência.
Jejum de lucros. Call centers. Tata.
Quem quer ser um milionário?
The Oscar goes to Gandhi.
Vende-se a sandália do Mahatma
Filhos de Gandhi. Cordão de isolamento.
Sistema de castas. Apartheid.
Camiseta de Che Guevara. (Vendido!)
Compram-se os óculos de Gandhi.
O lance mínimo é de $20.000.
Satiagraha. BRIC. Bomba atômica.
A liberdade de lucros e os lucros da liberdade.
A liberdade...
terça-feira, 10 de março de 2009
NEGÓCIO
A juventude da Baixada Santista é refém das univer$idades particulares e suas mensalidades.
Nos EUA, o país símbolo do capitalismo e do liberalismo, o número de universitários em universidades privadas é de 31%, na França, 11% e no Brasil, 80%. Na Baixada Santista, mais de 90%.
O velho papo de que para suprir as necessidades da região não há necessidade de abrir universidades públicas (principal argumento contra tal projeto) é furado.
MENTIRA.
Fosse verdade e as inúmeras universidades particulares da região não estariam se expandindo e enriquecendo cada vez mais.
Fosse verdade e o diploma universitário não seria praticamente requisito básico na maior parte dos empregos (Como é possível uma coisa dessas em um país com quarenta milhões de analfabetos?).
Fosse verdade e pagar mensalidades de faculdade não seria um peso para as famílias da maioria dos universitários da região.
Fosse verdade e o número de alunos que abandonam seus cursos por falta de condições de arcar com as mensalidades seria bem menor do que o que vemos.
Fosse verdade e o número de desempregados na região devido a tal falta de capacitação seria bem abaixo do apresentado.
Universidade para todos é universidade pública. O governo não cumpre sua responsabilidade com o ensino superior criando cotas para isso e aquilo nem financiando (com juros) cursos em centros universitários particulares para alguns jovens de baixa renda.
Afinal, todos nós sabemos que Universidades públicas não são só vagas, são também pesquisas, qualidade de ensino, estabilidade do professor e outros itens que nós sabemos que a grande maioria dos centros universitários não oferece.
“Educação não é negócio”, gritavam os clientes da UNI$ANTOS na porta da reitoria, indignados com os preços da mensalidade cobrados pela universidade católica. Enganaram-se. É negócio sim; e muito rentável. O setor privado de ensino chegou a movimentar o equivalente aos setores de petróleo, telecomunicações e eletricidade juntos. Prova disso é o ramo da educação no Brasil ter atraído a atenção de investidores estrangeiros com o assunto muitas vezes sendo tratado em cadernos de economia (!).
O problema da educação, quando falo de educação refiro-me à educação acadêmica, só será resolvido com a construção de escolas e universidades públicas.
O problema da educação só será resolvido quando formarmos mais professores que jogadores de futebol.
O problema da educação só será resolvido quando o congresso representar o objetivo de se construir uma nação ao invés das centenas de interesses particulares que lhe servem de motor.
O problema da educação só será resolvido quando tivermos um Estado comprometido com o cidadão e não com os empresários que financiam suas campanhas.
Onde estão os nossos deputados?
Depois que a deputada Mariângela Duarte conseguiu - apesar do veto do então governador Mario Covas e do voto contrário da bancada do PSDB - trazer a UNIFESP para a cidade de Santos (com cursos e vagas insuficientes para a região metropolitana) quase não se tocou mais no assunto como se ele estivesse resolvido.
Não está. Deputado não é eleito para ser cabo eleitoral. É eleito para lutar para que as necessidades da região sejam supridas.
O que tem mais força na câmara mais cara do mundo? A vontade do povo ou os interesses das faculdades particulares?
Quem elege os deputados? A população formada em sua maioria por pessoas sem condições de cursar instituições privadas ou os mercadores do ensino?
Uma região não progride com arranha-céus, shopping centers, tv digital ou túneis; o que traz o verdadeiro progresso é a formação de cidadãos e isso só é possível com ensino de qualidade* para todos. Gratuito.
Com a palavra (na câmara, não nos palanques) os nossos parlamentares.
* A qualidade do ensino superior no País já foi tratado anteriormente no texto “Tesouros da juventude ( http://mandandobrasa.blogspot.com/2007/07/tesouros-da-juventude.html )
Nos EUA, o país símbolo do capitalismo e do liberalismo, o número de universitários em universidades privadas é de 31%, na França, 11% e no Brasil, 80%. Na Baixada Santista, mais de 90%.
O velho papo de que para suprir as necessidades da região não há necessidade de abrir universidades públicas (principal argumento contra tal projeto) é furado.
MENTIRA.
Fosse verdade e as inúmeras universidades particulares da região não estariam se expandindo e enriquecendo cada vez mais.
Fosse verdade e o diploma universitário não seria praticamente requisito básico na maior parte dos empregos (Como é possível uma coisa dessas em um país com quarenta milhões de analfabetos?).
Fosse verdade e pagar mensalidades de faculdade não seria um peso para as famílias da maioria dos universitários da região.
Fosse verdade e o número de alunos que abandonam seus cursos por falta de condições de arcar com as mensalidades seria bem menor do que o que vemos.
Fosse verdade e o número de desempregados na região devido a tal falta de capacitação seria bem abaixo do apresentado.
Universidade para todos é universidade pública. O governo não cumpre sua responsabilidade com o ensino superior criando cotas para isso e aquilo nem financiando (com juros) cursos em centros universitários particulares para alguns jovens de baixa renda.
Afinal, todos nós sabemos que Universidades públicas não são só vagas, são também pesquisas, qualidade de ensino, estabilidade do professor e outros itens que nós sabemos que a grande maioria dos centros universitários não oferece.
“Educação não é negócio”, gritavam os clientes da UNI$ANTOS na porta da reitoria, indignados com os preços da mensalidade cobrados pela universidade católica. Enganaram-se. É negócio sim; e muito rentável. O setor privado de ensino chegou a movimentar o equivalente aos setores de petróleo, telecomunicações e eletricidade juntos. Prova disso é o ramo da educação no Brasil ter atraído a atenção de investidores estrangeiros com o assunto muitas vezes sendo tratado em cadernos de economia (!).
O problema da educação, quando falo de educação refiro-me à educação acadêmica, só será resolvido com a construção de escolas e universidades públicas.
O problema da educação só será resolvido quando formarmos mais professores que jogadores de futebol.
O problema da educação só será resolvido quando o congresso representar o objetivo de se construir uma nação ao invés das centenas de interesses particulares que lhe servem de motor.
O problema da educação só será resolvido quando tivermos um Estado comprometido com o cidadão e não com os empresários que financiam suas campanhas.
Onde estão os nossos deputados?
Depois que a deputada Mariângela Duarte conseguiu - apesar do veto do então governador Mario Covas e do voto contrário da bancada do PSDB - trazer a UNIFESP para a cidade de Santos (com cursos e vagas insuficientes para a região metropolitana) quase não se tocou mais no assunto como se ele estivesse resolvido.
Não está. Deputado não é eleito para ser cabo eleitoral. É eleito para lutar para que as necessidades da região sejam supridas.
O que tem mais força na câmara mais cara do mundo? A vontade do povo ou os interesses das faculdades particulares?
Quem elege os deputados? A população formada em sua maioria por pessoas sem condições de cursar instituições privadas ou os mercadores do ensino?
Uma região não progride com arranha-céus, shopping centers, tv digital ou túneis; o que traz o verdadeiro progresso é a formação de cidadãos e isso só é possível com ensino de qualidade* para todos. Gratuito.
Com a palavra (na câmara, não nos palanques) os nossos parlamentares.
* A qualidade do ensino superior no País já foi tratado anteriormente no texto “Tesouros da juventude ( http://mandandobrasa.blogspot.com/2007/07/tesouros-da-juventude.html )
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