quarta-feira, 31 de outubro de 2007

COMENTÁRIOS

Indico aos leitores interessados nos dois textos abaixo ("CHECK UP" e "LIBERTAS QUAE SERA TAMEN") que leiam também os comentários. Eles complementam o texto.
Não, que os comentários estejam de acordo com a visão do autor (eu) do texto, mas servem como complemento por mostrarem diferentes sentimentos em relação aos temas. E, na minha opinião, são todos bem feitos e de grande força argumentativa. EU RECOMENDO.
Portanto leiam os textos, leiam os comentários e comentem. Afinal, comentar, pelo menos aqui, não é pecado.

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

CHECK UP

Mais um edifício entulha a paisagem. A cada dia um novo andar, um novo plano, um novo financiamento. Adeus cheiro de grama , adeus árvores, adeus casas baixas e conversas no portão. Adeus paisagem na janela.

Os pedreiros correm. A construtora tem pressa, os novos proprietários têm pressa. Quadras, saunas, academias, cinemas, portões, sistema de monitoramento e shoppings. Segurança total. Muros altos cercarão o condomínio. Bem vindos à nova Idade Média.

Lembro-me de Lennon e sua imaginação: “é fácil, se você tentar.”. Se tentarmos, jovem John, não teremos dificuldades em construir um mundo justo. Um mundo sem portões e sem medo. Porém eu me pergunto: e quando esse mundo estiver construído, quem limpará os chãos da Europa? Quem se equilibrará nos andaimes para construir arranha-céus? Quem limpará a imundice dos banheiros públicos? Quem aumentará a porcentagem de desempregados (de fundamental importância para que os empregados se submetam às explorações para não perder o disputado emprego)? Não basta imaginar, meu poeta. Será preciso uma reforma de ideais.

Talvez Marcuse estivesse com a razão. Talvez a redenção venha dos “outsiders”, dos renegados, dos países periféricos do terceiro mundo. Mas, olhemos o nosso País:
Onde estão os “outsiders”? O que vemos é uma correria rumo ao sistema. Quem está dentro não sai de jeito nenhum e quem está fora quer entrar de qualquer jeito, mesmo que para isso seja necessário matar, morrer ou emigrar. Mesmo que seja necessário colaborar com o sistema imbecilizante. Mesmo que vencer signifique perder. Não Marcuse, não há mais lugar para os “outsiders”, eles são figuras do passado. Maio de 1968 está longe demais. Hoje quem sai às ruas, sai para reclamar sua fatia no bolo do consumo. O sonho de explorar faz com que se aceite a exploração. Como constatou Nabuco de Araújo, o senhor está no escravo e o escravo está no senhor.

Ray Simith (Kerouac) e Japhy Rider distantes da civilização e sem vontade de voltar. ”Enfiem o progresso no rabo”. Vagabundos iluminados. “Toda montanha é um Buda”. Milhares de rapazes latino-americanos, com dinheiro no banco, vivem ilegalmente nos Estados Unidos da América. Sonham com o green card, com o american way. Enquanto no Brasil, o delírio é o regime. A mídia atordoante prega o conformismo, a adaptação às mudanças do mundo corporativista. Filhos sucedem pais nas artes, nas administrações, na política e na miséria. Nada de novo no front.

O sonho cubano está embargado. O negócio é consumir bugigangas da China, usar nossos eletrodomésticos à exaustão, engarrafarmo-nos em congestionamentos, nos entupir com as químicas dos laboratórios e enlouquecer em academias e shoppings. E foda-se o Planeta! Fodam-se os escravos! A luta pelo conforto é a busca do ócio legitimado.

Não há mais espaço para a grande recusa. Adeus Guevara. Adeus Francisco de Assis. A cada esquina um novo edifício aumenta um andar. Em cada lar o sonho de consumo corrói um cérebro indefeso. A cada dia a vida se esvai. A cada hora a máquina aumenta suas cifras, seu poder de destruição e sedução. A cada minuto uma nova armadilha. Uma nova guerra, um novo medo, um novo vício.

Pois saibam que ainda estão rolando os dados. A palavra cantada de Paulo Tatit dissemina a sensibilidade nos corações férteis e Carlinhos Brown nos mostra que ainda não sonhamos e que tudo recomeça. Quem sabe, os jovens, sem clubes e sem esquinas, acordem de um sonho estranho e os pedreiros sigam o conselho de Rubem Braga trocando as obras e o parco salário por dias inteiros de jogo de petecas nas praias. E dos corações atarantados poderá ressurgir o amor; dos cérebros anestesiados, as grandes idéias; do ócio, a criação e dos sonhos destroçados se fará a utopia.

"You may say I’m a dreamer but I’m not the only one... "


* Publicado também no jornal "Página Dois" (http://www.paginadois.com/conteudo.php?c=4146) e no site "Templo XV" (http://temploxv.pro.br/obraxv.aspx?idObra=339&Entidade=4&idAutor=6901).

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

LIBERTAS QUAE SERA TAMEN

Liberdade! Liberdade! Abra as asas sobre nós!

Onde está a tão sonhada liberdade? Não a liberdade, sem pão e sem poesia, prometida pelos liberais capitalistas nem a liberdade cara-de-pau do rapaz que, acorrentado ao estigma de bad boy, gritava: "I’m free to do what I want...” e muito menos aquela que alguns viram raiar no horizonte do Brasil.

A pergunta é: Onde está a liberdade do ser - humano de ser humano? A liberdade das contradições e enganos. A liberdade de viver.

Vivemos no mundo-máquina do homem de negócios, do homem-negócio, do ser-produto. Cada um com seus rótulos e problemas. Perseguindo títulos para aprisionarmo-nos neles. E ali vivermos, falsificados e tranqüilos.

“O ser – humano está condenado à liberdade.” Engano seu, Sartre. O ser – humano condenou a liberdade. Ela está fora do nosso cardápio. Nascemos e crescemos procurando uma embalagem que nos acalente, que nos dê uma identidade, um grupo, um gueto. Um rótulo que pense por nós.

E nessa selva de clichês, nesse emaranhado de pensamentos pré-concebidos e raciocínios fabricados é que nos reproduzimos. Assim perpetuamos o nosso vazio existencial, transmitimos o legado de nossa miséria, a nossa aglomerada solidão, é verdade Tom Zé, ou o nosso defeito de fabricação.

Não, não queremos a liberdade, Bilac. Queremos que as asas dela fiquem bem distantes de nós. O que buscamos é espaço no mercado. Queremos nos vender. Queremos uma prateleira que nos aceite e que nos qualifique. Somos muitos Severinos, iguais em tudo na vida.
Queremos rotular e sermos rotulados. Morrer de tédio e vício. Assim nos mataremos. “A liberdade é a lei humana”, sentenciou Victor Hugo. É uma pena, pensador, estamos cumprindo pena. Perdemos a lei e estamos em leilão. Somos produtos no mercado. No mercado de trabalho, no mercado de consumo, no mercado do sexo.

Nossa única necessidade é consumir o mercado que nos consome. Adeus fogo. Adeus poetas. São demais os perigos desta vida para quem tem paixão. Descartes cartesianos. Nunca mais o humano, apenas o super-homem, a super-máquina. O politicamente correto.

Tempo de homens partidos. De futebolistas robôs. De workaholics. De música eletrônica. De namoros virtuais. De substantivos subtraídos. Nosso mundo é o dos adjetivos. Das propagandas. Dos meios-mensagens.

Tempos modernos de Carlitos mecanizados e vencedores perdidos. Tempo do homem morto, da ternura perdida. Andy Warhol triunfa. Em cada esquina uma pop star estilizada busca seus quinze minutos. Tempo de formigas disfarçadas de cigarras.

Tempo de choro e ranger de dentes. De estereótipos e arquétipos. De signos e números. Tempo de solidão. Tempo de prisões e propriedades. Tempo de cobiça. De tropas e elites. Tempo, tempo, tempo, tempo...

Lutemos pelo planeta. O mundo vai acabar. Não, o mundo não acabará. O ser – humano é que irá desaparecer. Ou já desapareceu. Ou ainda não floresceu.

Liberdade, Liberdade. Paulo Autran viverá para sempre. “A canção está morta” (Chico). Não é bem assim, meu caro Buarque. As canções serão eternas nos corações resistentes dos homens cordiais.

Libertemo-nos! Liberdade ainda que tardia. Descubramos nossa missão. O tempo é curto. Na Oficina há uma vela. Ouçamos o som do sim. Somos os únicos seres capazes de comoção. Tira, põe, deixa ficar...

Humanizemos nossas vidas. Enxerguemos o mundo. Os mundos no mundo. Cultivemos nossas contradições e metamorfoses, nossas diferenças. Sem rótulos. Sem raças. Sem religiões. Sem profissões e sem classes. Sem governos e sem fronteiras. Somente o ser, o humano. O demasiado humano.

* Publicado também no jornal Página Dois (http://www.paginadois.com/conteudo.php?c=4109)

terça-feira, 9 de outubro de 2007

UNAM-SE, MOBILIZEM-SE, LUTEM!

O que é a nossa democracia?

Se pensarmos no significado da palavra (do grego, demos=povo + krato=governo) entenderemos que é um governo, como definiu Abrahan Lincoln, do povo para o povo. Porém segundo Nelson Mandela, uma democracia com fome, sem saúde e educação para a maioria, é uma concha vazia. Essas definições servem como ponto de partida para analisarmos alguns acontecimentos e tentarmos encontrar possibilidades de melhora.

O editorial do dia 07 de outubro de um jornal de Santos deu o pontapé inicial para polarizar as eleições municipais do próximo ano. Como é de costume, a argumentação veio recheada de meias palavras, mas deixando claro o propósito: sentenciar quais os candidatos que poderão ganhar as eleições.

Pensemos: Quais seriam os resultados das eleições caso não houvesse pesquisas? As pesquisas estão a serviço da população ou servindo a outros interesses? Como teremos uma mudança estrutural no nosso País se a melhor forma de mudarmos isso, o voto, também está corrompida?

Já é mais do que sabido que os grandes meios de comunicação brasileiros não atendem aos interesses da população e sim aos de uma minoria que busca se manter eternamente no poder. Sendo assim, não são democráticos, embora preguem a democracia quando lhes é conveniente. No dia 5 de outubro venceram as concessões de grandes emissoras de rádio e televisão, algumas manifestações reivindicando maior transparência nas concessões ocorreram em várias cidades, mas a grande massa nem sequer ficou sabendo. E por quê?

Elementar, meus caros Watsons! Porque os meios de comunicação, os Kanes dos trópicos, jamais levariam ao conhecimento do povo uma proposta de reavaliação de suas próprias condutas. A renovação automática, é isso o que acontece quando vencem as concessões, é perfeita para seus interesses. E para os interesses do povo?

Será que uma concessão pública, ou seja, do povo, não deveria ter a obrigação de colaborar na educação, exercício da cidadania e esclarecimento da maioria? Será que ao invés de tratar dos próprios interesses, a obrigação desses meios não seria o de tratar dos interesses do País (não do governo, do País!) que lhes deu a concessão? Onde está a democracia?

Um “Recordações do escrivão Isaías caminha” escrito em 2007 traria uma imprensa menos repugnante que aquela retratada por Lima Barreto em 1908? Ou será que para nós o tempo está parado?

Como esperar que um país que tem Educação mais como uma fonte inesgotável de demagogia (e lucro!!!) que como uma forma de progresso, que tem os meios de comunicação mais a serviço de interesses manipuladores que de informação ao povo, seja democrático?

De que adianta pregar-se uma reforma política se a última palavra é sempre dada pelo poder econômico?

Como cobrar voto consciente de uma população que quanto mais tenta informar-se mais desinformada fica? Como esperar ensino de qualidade de empresários que abrem escolas e universidades visando o lucro, de um Estado mais preocupado com suas brigas partidárias que com o esclarecimento de seu povo?

Como esperar que a violência social seja sanada se os interesses econômicos estão acima do bem estar da população? Como esperar uma melhora do sistema de saúde pública quando a saúde privada virou fonte de renda para corporações?

Como buscar saída na arte se os produtores de cinema, os escritores e dramaturgos, para atingir um público significativo têm que buscar apoio no opressor poder econômico?

Como esperar um interesse social e uma atitude revolucionária de uma juventude que foi educada por uma vendedora via-satélite e entretenimentos importados de conteúdo colonialista?

Com uma democracia baseada em campanhas milionárias que partido consegue chegar ao governo sem entrar em conchavo com o tal poder?

Há quinhentos anos é assim! Quando deixamos de ser colônia foi porque era do interesse das oligarquias que deixássemos; se nos transformamos em Republica foi mais para atender a interesses elitistas que para beneficiar a nação. E assim as coisas sempre aconteceram, salvo raríssimas exceções.

Nossos amigos da América do Sul (vide Venezuela, Bolívia e Equador) já despertaram e estão cuidando dos seus interesses. E nós? Perderemos mais uma vez o “trem da História” e continuaremos servindo de fantoches para os interesses imperialistas, votando com base em pesquisas tendenciosas e buscando informações em meios manipuladores?

Não foi se curvando ao mercado ou classificando a situação como imutável que Gandhi conseguiu livrar a Índia da opressão inglesa. E nós? O que faremos? Continuaremos confundindo passividade com pacifismo?

Se as pessoas que tencionam construir um Brasil mais justo e verdadeiramente democrático (se é que a democracia não é uma piada como sentenciou Saramago) não começarem a agir já, através de atitudes esclarecedoras, de um exercício mais eficaz da cidadania e de um pensamento mais global e não voltado ao egoísmo (a sociedade alternativa está dentro de cada um de nós), a situação se prolongara por mais quinhentos anos.

Porque no que depender dos grandes meios de comunicação e do poder econômico que os patrocinam o objetivo será sempre o lucro da minoria, nem que para isso seja necessário inventar guerras e epidemias.

*Publicado também no jornal Página Dois (http://www.paginadois.com/conteudo.php?c=4069)

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

SAUDADES DE SANTOS

Em ti, sinto saudades tua.
Saudades de tuas casas baixas,
Dos corsos e carnavais de salão.
Saudades dos coqueiros, em filas sem fim...

Sinto falta dos amigos que (e)migraram,
Da poesia do comércio, do amor dos estrangeiros,
Do dramaturgo perdido na noite suja
E da fonte que corria levando a flor...

Saudades dos teus quilombos
Da tua força portuária,
Dos cobradores nos ônibus,
Da tua História de lutas.

Mas ainda temos teus jardins.
Horto, Orquidário. Olhar Caiçara.
Postos de salvação. De salvamento.
A leve esperança e o teu cheiro de mar...

*Publicado também no site "Vamos ler +"(http://www.vamosler.viamep.com/2007/10/saudades-de-santos-leandro-rodrigues.html) e na Revista Poetizando (edição outono/2008)

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

HUMANOS

Um filme é o ponto de vista de um diretor sobre determinado tema.

Uso esta definição para falar sobre “Tropa de Elite”. O filme em questão, que traz elementos “pop” já usados em “Pulp Fiction” e “Cidade de Deus”, está longe de ser ruim. Conta uma estória (baseada no livro “Elite da Tropa”) bem em pauta no nosso cotidiano e uma produção competente. Mas, a intenção não é fazer uma crítica de cinema e sim falar de nós. Outra vez.

“Tropa de Elite” mostra o nosso dilema (Estado – Polícia – Corrupção – Tráfico – População) sob o ponto de vista de um policial idealista. A humanização da figura do policial do BOPE (Batalhão de Operações Policiais Especiais) é um ponto importante para pensarmos nossa realidade. Porém a estória é contada sob o ponto de vista de alguém que considera que vivemos numa guerra e que o tráfico de drogas ilícitas é o maior inimigo do País. Aí está o calcanhar de Aquiles.

Quem conhece a História da nossa “Mãe Gentil” sabe que os nossos problemas sociais não têm origem no tráfico de drogas ilícitas. O nosso verdadeiro inimigo é a desigualdade abismal, que encontra paralelo apenas na Nigéria e Serra Leoa. O tráfico de drogas ilícitas é apenas a ponta de um iceberg que tem suas raízes no latifúndio, na concentração de renda, na manipulação dos meios de comunicação, no péssimo sistema de educação que resulta numa cidadania rota e em uma espécie de perpetuação das capitanias hereditárias. O desconhecimento, ou a não relevância, dessas causas esvazia o idealismo do herói.

Combatem-se criminosos e não o crime e suas causas. Conforme definiu o jornalista Caco Barcellos, é um ideal que tem como ponto de partida o preconceito. A questão do tráfico de drogas ilícitas pode ser resolvida facilmente pela lógica e não pela força. Afinal, quem torna esse negócio rentável são justamente as supostas vítimas dessa suposta guerra, ou seja, as pessoas da classe média e alta que consomem as tais drogas e compram objetos de furtos e roubos, e não os traficantes e os moradores das favelas. Assim também, o discurso que faz do policial o vilão esvazia-se. Ele também é vítima dos mesmos enganos.

Não foi criando esquadrões de “justiceiros” que Antanas Mockus, na prefeitura de Bogotá (Capital da Colômbia, na ocasião um país dominado pelo tráfico), venceu a violência que imperava na cidade. A questão foi equacionada através da “cultura cidadã”, uma série de ações que despertava a consciência de cidadania na população (policiais formadores de cidadãos, mímica nas faixas de trânsito, plano de desarmamento, lei Zanahoria, etc.).

Acima de policiais, traficantes, universitários, camelôs, políticos ou qualquer outro rótulo social, todos somos seres-humanos buscando a felicidade de acordo com a educação que recebemos, com os valores morais que temos como referência e com as possibilidades que encontramos para realizarmos aspirações que julgamos importantes.

O Brasil realmente vive uma guerra. Mas, esta guerra já dura quinhentos anos. Ela foi a responsável pela dizimação dos índios, pela desastrada abolição da escravatura (que não libertou, apenas deixou os negros “na mão”), pelo êxodo rural que entupiu as capitais, pela exportação em massa de nossos jovens como mão-de-obra barata e por todo esse sentimento de caos que domina a nossa população. Encarar como apenas uma guerra contra o tráfico é esconder, mais uma vez, a sujeira para debaixo do tapete. É como jogar xadrez sem visar atingir o rei inimigo, concentrando força apenas no ataque aos peões.

“Tropa de Elite” cumpre um papel importante ao humanizar a figura do policial (chega de Robocops!), expondo seus anseios e ideais, seus enganos e contradições. Porém, manifestações artísticas são apenas pontos de vista. Toma-las como parâmetro único para explicar a nossa realidade não é o aconselhável quando a intenção é construir uma sociedade conscienciosa.

A refazenda, de valores, posses e posições, proposta há mais de trinta anos por Gilberto Gil, faz-se cada vez mais urgente. Tomaremos atitudes conscientes em relação aos nossos problemas, usando as “armas” que possuímos (o voto consciente é uma delas, mas para isto é necessário conhecer nossa História e os nossos reais interesses.) para enfrentá-las ou continuaremos por mais quinhentos anos criando soluções simplistas com o intuito de arrastá-los ao invés de resolvê-los?

Afinal, como nos ensinou Fernando Pessoa: quem quer passar além do Bojador, tem que passar além da dor.


*Publicado também no Jornal Página Dois ( http://www.paginadois.com/conteudo.php?c=4025)