sábado, 24 de janeiro de 2009

REFORMA. PRA QUE?

Desde o início do ano entrou em vigor uma nova reforma ortográfica, proposta desde 1990, e que visa uma integração de todos os países que falam o português.

Não poderíamos passar muito bem sem mais essa?

Afinal, tentar unificar a língua de um País – que devido a sua grandeza geográfica e as várias matizes de sua colonização às vezes parece que nem todos falam a mesma língua – com a de outros sete Países através de uma reforma ortográfica parece que é uma resolução que não leva em consideração o fato de que a língua (e suas mudanças) é algo que vem do povo, da cultura e dos costumes da população, e não algo que pode ser ditado de cima para baixo. Ou de fora para dentro.

Todos nós sabemos que nossas regras ortográficas e gramaticais são tão complexos que por vezes deixam em dúvida até mesmo professores e profissionais de letras. Então, qual o sentido de confundir ainda mais mudando as regras de fora para dentro?

Será que o (nosso) dinheiro que o governo gastará com a reforma (não vou explicar) não seria muito melhor usado em investimentos para que todos os habitantes do nosso País soubessem ao menos as regras básicas de fala e escrita?

Se os governos dos países de língua portuguesa querem unificar seus povos, não seria mais fácil começar no âmbito da cultura? Por que, ao invés de reformar a língua deixando a população ainda mais perdida quanto ao seu próprio idioma (e quando falo em população refiro-me a todos e não apenas aos jovens em idade escolar) não se cria um contato maior com as músicas e filmes de Portugal e Moçambique, por exemplo? Por que não facilitar para o nosso povo (e para o deles) um intercâmbio maior com esses países?

Os únicos que têm motivos de sobra para comemorarem são os donos de editoras e gráficas.

Nós continuaremos, ainda por muito tempo, escrevendo uma coisa e ouvindo nosso cérebro ditar outra.

Em suma, nessa jogada o povo mais uma vez foi preterido. Seria muito mais sadio para a nossa soberania se assumíssemos que possuímos uma língua própria, com todas as miscigenações e desvios que formaram a nossa identidade, e não a de nossos colonizadores. A unificação na prática não acontecerá, até porque a pronúncia das palavras não sofreu nenhuma alteração.

Pois como já dizia Noel Rosa: “ tudo aquilo que o malandro pronuncia com voz macia é brasileiro, já passou de português.”

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