sexta-feira, 27 de março de 2009

CHUMBO GROSSO



Em 1969, portanto há 40 anos, era lançado o primeiro disco de uma das bandas mais pesadas (no bom sentido) e criativas da história do rock ‘roll. Estamos falando, é claro, do Led Zeppelin.

O primeiro disco do Led Zeppelin mudou para sempre a história do rock. Com os vôos vocais de Robert Plant, a criatividade da guitarra de Jimmy Page e o peso da cozinha de John Paul Jones e John “Bonzo” Bonhan, o “Zeppelin de chumbo” não deixou pedra sobre pedra nos terrenos sobrevoados. Depois deles, tudo ganhou mais peso, nada mais foi tão suave.

Em 1969, depois dos experimentos de Zappa e das distorções de Hendrix terem aberto as cabeças para caminhos até então inimagináveis, já não era novidade que o rock estava partindo para uma sonoridade mais pesada, porém o primeiro disco do Zeppelin era uma radicalização da idéia. Da foto da capa ao último acorde de “How many more times”, a banda inglesa subverteu valores e escancarou a porta para o que viria a ser o heavy metal.

Gravado e mixado em apenas 36 horas, o Lp deflagrava uma verdadeira revolução dentro do revolucionário rock n’roll. Estava tudo ali. O passado, o presente e o futuro. O blues (You shook me), a psicodelia ( Baby, I’m gonna leave you) e o heavy metal (Comunication Breakdown). A música folklórica inglesa (Black moutain side) e o rock n´roll (Good times bad times) . Ou tudo junto (Dazed and confused). Todas as misturas, pensadas e impensadas, voaram nesse zeppelin.

O Lp bateu recordes de vendas chegando a integrar o top 10 da Billboard. A banda, que teve sua origem na idéia do ex-Yarbirds Jimmy Page de montar uma superbanda com os The Who’s Keith Moon e John Entwistle e o também ex-Yarbirds Jeff Beck, mostrou-se tão eficiente quanto seria a primeira idéia ou até mais. No mesmo ano ainda viriam a lançar outro lp: o também magnífico Led Zeppelin II e marcariam para sempre o seu lugar no altar dos deuses do rock n´roll.

Se no primeiro o peso era a novidade, no segundo a banda consolidaria seu estilo com músicas que ficariam para sempre no inconsciente de todo roqueiro que se preze (Wholla lotta love; Heartbreaker), baladas capazes de enternecer o mais duro dos corações ( Thank you; What’s what should never be) e um solo de bateria em grande estilo (Moby Dick), tudo isso e mais um pouco em um Lp concebido em menos de seis meses.

Por essas e outras, falar de Led Zeppelin é lembrar de um tempo que o rock n’roll não era apenas um negócio de empresários ávidos por lucros e garotos ávidos por fama, era, sobretudo ousadia, superação, criação e transpiração. É falar de uma época que músicas faziam parte de uma coisa chamada álbum que era concebido a partir de uma outra coisa chamada conceito e que muitas vezes resultava em uma outra coisa chamada arte.

O zeppelin de chumbo voou para o estrelato tendo como combustível muito sexo, drogas e rock n’roll. Depois de experiências com magia, batalhas judiciais com a família de Ferdinand Von Zeppelin, apresentações alucinadas com mais de três horas de duração e escândalos a respeito do envolvimento dos integrantes em orgias com fãs, a banda acabou em 1980 com a morte do baterista “Bonzo” Bonhan, sufocado no próprio vômito após beber o equivalente a quarenta doses de vodka. Estiveram pelo nosso céu por pouco mais de dez anos (o suficiente para influenciar o som das gerações que o sucederam, influencia essa claramente perceptível em bandas que vão de Aerosmith a Pearl Jam, de Guns N’Roses a Korn) e até hoje, vinte e nove anos depois de seu fim, deixam saudades nos corações daqueles que se deixaram seduzir por suas viagens cheias de peso e melodia.

Parabéns Led Zeppelin. Parabéns ao hard rock.

“It’s been a long time since I rock n’rolled...”

Nenhum comentário: