Uma nova esperança paira no ar, cada vez mais quente, do nosso mundo: seu nome é Barack Obama.
Depois dos violentos, e pouco inteligentes, anos Bush, grande parte da população estadunidense vê no negro havaiano uma luz no fim do túnel de trevas desse mundo cada vez mais corporativista. E como a paz e a liberdade do mundo, principalmente dos países ditos em desenvolvimento, estão sujeitas às decisões tomadas pela Casa Branca o assunto passa a ser de interesse mundial. Inclusive, chega a ser razoável pensar que eleitores do mundo inteiro deveriam votar nessas eleições.
Barack Obama é o candidato rock n’ roll. Assim como a música de Little Richard e Chuck Berry representava a ânsia de liberação e expressão da geração do Pós-Guerra (se bem que a guerra não acabou, apenas esfriou. E se observamos os acontecimentos geopolíticos não será absurdo concluir que ela continua até hoje), dos negros do sul dos E.U.A., o senador democrata representa o sonho das minorias (?) esmagadas por uma política voltada aos intere$$es excludentes do poder multinacional.
Ao som de U2 (os trovadores da luta religiosa da Irlanda), promete um “Beautiful day” após a longa noite “bushiana”. É o porta-voz de uma juventude emudecida pelo esvaziamento ideológico. Promete o fim das guerras burras e uma universalização no sistema de saúde cuja precariedade Michael Moore retratou no seu mais recente filme, “Sicko”. Quer um Estados Unidos realmente unido e propõe uma mudança nas relações internacionais e ambientais.
No mundo hipocritamente correto, onde a preocupação individualista é quase uma lei no pensamento corrente, Obama é um sinal de mudança. Uma mudança bem parecida com a transformação nas relações ambicionada pelos pais do rock n’roll e sonhada por Luther King.
Com a indústria cultural preocupada em fabricar uma música fácil, cada vez mais parecida com jingles, e pseudo-artistas cuja única preocupação é engordar suas contas bancárias colhendo os frutos de uma fama conquistada com 99% de promoção e 1% (quando muito) de inspiração, sem Jimmy Hendrix e sem John Lennon, o outrora anárquico rock n’roll é hoje uma monarquia mais a serviço dos interesses corporativistas alienantes do que das massas oprimidas que o originaram.
Se Obama também mudará a postura ao chegar ao topo, no caso, à Casa Branca, não se sabe. Não sabemos ao menos se conseguirá eleger-se candidato. Porém, o democrata miscigenado, cujos jantares de família "são sempre uma mini-O.N.U.", é uma via alternativa ao marasmo ideológico e traz de volta o sonho de um mundo mais tolerante e diverso.
Infeliz é o povo que precisa de heróis, dizia Brecht. Portanto, Obama reflete a infelicidade daqueles que são cada vez mais esmagados pela truculenta política corporativista, assim como o rock foi durante anos a música eleita por aqueles que sonhavam mudar o mundo.
quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008
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3 comentários:
Olha, não enxergo essa qualidade toda no (bom) candidato Obama.
Proposta para a saúde é pífia, não universal; discurso vago e difuso. mas que o cara é bom de mídia, lá isso é.
O fifho do M.L. king, o MLK Jr., apoia a Clinton, assim como outras expressivas lideranças étnicas.
E, "last but not least", o argumento definitivo: Obama é o candidato favorito de setores republicanos da ultra-direita, que já mobilizam determinados eleitores desta agremiação para que votem em Obama, a fim de impedir a ida da senadora por NY à final, já que ela é "inimiga número 1" do Partido Republicano.
Eu vou de Hillary (e se os caras tiverem juízo, fazem a chapa Clinton-Obama).
saúde & paz
Caro Olavo,
Não consigo ver um avanço na candidata "hipocritamente correta" Hilária Clinton que tem como cabo eleitoral no Brasil o Sr.FHC.
Caso o Obama seja usado pela extrema direita e esqueça das massas que representa quando chegar ao poder será mais um ponto em comum entre ele e o rock e talvez justifique ainda mais o título de "Candidato rock n'roll".
confesso que não tenho acompanhado o trâmite da eleição da eleição dos States, mas me parece que, sim, Obama pode ser uma oportunidade, digamos, inusitada.
Como vc bem disse, se ele "se vender" depois, a história é outra. Ou melhor, é a mesma outra vez. Infelizes por precisar de heróis? talvez, Brecht, mas o que resta sem esperança? (sem querer ser piegas, mas já sendo.. é foda).
abraço. bróder.
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