segunda-feira, 7 de maio de 2007

LUZ NO FIM DOS TEMPOS

O Planeta está doente, mas tem salvação!
Após ler o documento lançado pelo Greenpeace chamado [R}evolução Energética que propõe entre outras coisas a ampliação das nossas matrizes energéticas (solar, eólica, hidrelétrica, geotérmica, de biomassa e oceânica), o que além de salvar nossas vidas significa uma democratização do uso de eletricidade e o fim das diferenças sociais ( atualmente grande parte da população mundial é privada desse consumo, o que é um fator determinante para a acentuação das diferenças), chega-se a conclusão de que o Planeta tem salvação, o que está com os dias contados, de uma maneira ou de outra, é o sistema econômico-social no qual vivemos; ao mesmo tempo que esta conclusão conforta gera outra preocupação: será que o ser humano conseguirá?
O porquê da minha angustiante dúvida é facilmente explicável. Vamos lá:
Para que as novas matrizes energéticas ocupem o espaço necessário em nossas vidas e cheguemos à um resultado salvador é necessária também uma mudança nas relações políticas que só será conseguido com uma pressão muito forte por parte da população. Olhemos para o nosso País: Em vista do resultado das últimas eleições está claro o descaso (ou falta de rigor) do nosso povo quanto à escolha de legisladores. Será que a nossa alienada juventude conseguirá ter uma atuação participativa nesse assunto ou será necessário que algum integrante do Big Brother fale sobre (o que é praticamente impossível) para que saibam do que se trata? Ou, seguindo a tradição, formarão uma opinião baseados em duas ou três palavras que ouviram sobre o assunto e nada os fará mudar de posição? Será que as elites do nosso “impávido colosso” estarão dispostas a abrir mão de seus supérfulos para salvar o Planeta? O governo disse sim à ameaçadora (não vou explicar) soja trangênica, a mesma indústria trangênica que o plano de governo era contra, e a discussão popular em torno do assunto foi pífia. José Bonifácio, no século XIX, alertou sobre os perigos de destruição da Mata Atlântica e, no entanto, hoje até a área de 8% da área original que sobreviveu à devastação frenética está ameaçada.
Outro ponto do relatório propõe uma mudança nas relações de transporte. A solução seriam investimentos na área de transportes coletivos e uma forte conscientização das pessoas para usarem menos os veículos privados e mais os transportes públicos. E as montadoras de automóveis? E a fixação de brasileiros e americanos por carros? E o nosso péssimo serviço de transportes que é quase uma forma de castigar quem não gasta seu dinheiro comprando veículos? Será que os filhos da “Mãe Terra” estarão dispostos a abrir mão do fetiche que dominou o século XX apenas para salva-la?
A energia atômica, segundo o relatório, deve ser deixada de lado pelos péssimos efeitos que provoca em todos os sentidos. E a Indústria da Guerra? Estariam os donos do poder dispostos a abrir mão de suas ambições de dominação e lucro apenas para salvar o planeta? O Tratado de Kyoto, um projeto bem tímido se comparado à revolução elétrica, está bem longe de alcançar sua meta e as discussões de governantes e donos do poder continuam levando em consideração o modelo destruidor de queima de fósseis e lutando pelo desenvolvimento econômico do sistema excludente, mas ao invés de um boicote aos produtos dos países poluidores (Estados Unidos e China, por exemplo) o que acontece é o consumo frenético dos frutos da poluição. Será que conseguiremos em curto prazo transformar um sistema caótico no mundo dos sonhos de Francisco de Assis?
A festa da revolução industrial acabou. Está na hora de pagar a conta. Para que a população mude seus hábitos e tenha uma atuação transformadora nesse momento delicado da História é necessário que ela esteja informada e esclarecida sobre o assunto. Com uma mídia comprometida com os inimigos da [R]evolução e um mundo imbecilizado em que a única meta é emergir no sistema destruidor será uma árdua missão salvar a nossa vida.
Mas, vale a pena tentar. Ainda há tempo. Pouco, mas há.

* Publicado também nos jornais Brasileiros e brasileiras(edição de junho/2007) e Página Dois(http://www.paginadois.com/conteudo.php?c=3369)